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Fabiana Beltrame – A primeira remadora olímpica do Brasil

A primeira campeã Mundial e de Copa do Mundo na história do remo brasileiro também foi a primeira mulher a representar o país em Jogos Olímpicos e subir, por duas vezes, no pódio pan-americano. Fabiana Beltrame, catarinense, começou sua carreira no Martinelli quando viu alguns barcos da modalidade na água enquanto andava no calçadão da Avenida Beiramar junto com uma amiga. Se interessou pelo esporte e decidiu tentar.

Fabiana Beltrame na prova de Single Skiff Peso Leve no Mundial de Remo em 2011Fabiana Beltrame na prova de Single Skiff Peso Leve no Mundial de Remo em 2011

O início foi bem despretensioso, como ela mesmo conta, mas em 1999 Fabiana ganhou duas provas no seu primeiro campeonato brasileiro e os treinamentos ficaram mais sérios.

CAXIAS: Uma das marcas registradas de Fabiana Beltrame sempre foi sua dedicação aos treinos, traço enaltecido por seu fã número um: o ex-remador e marido Gibran Cunha.

"Fabiana sempre treinou muito, não tinha tempo ruim. Aquele calor do Rio de Janeiro ou o frio do Sul nunca fizeram ela desistir. Ela sempre foi osso duro de roer", ri e comenta Gibran.

"Remador não tem férias, sempre treinei quando estava em Floripa visitando minha família. Saía para uma corrida ou trazia o [remoergômetro] para casa. O comprometimento é tão grande que você não percebe o tamanho do sacrifício. É natural para o atleta", conta Fabiana.

PESO LEVE: Para quem não sabe, Fabiana nem sempre foi Peso Leve. A primeira tentativa veio em 2005, quando a atleta ganhou duas medalhas no Sul-Americano de São Paulo no Double e Single Skiff da categoria. MAas o período foi muito desgastante para a atleta que teve dificuldades na época de manter o peso, principalmente para os barcos de equipe, onde a média era 57 quilos.

A volta ao Peso Leve seria apenas após o nascimento de sua filha, Alice. Depois do parto, da amamentação e dos treinamentos, que recomeçaram apenas 45 dias depois do nascimento de sua primogênita, atingir o peso foi algo mais natural e não tão sacrificante.

Fabiana Betrame na Copa do Mundo de Remo de 2015, em Bled, na EslovêniaFabiana Betrame na Copa do Mundo de Remo de 2015, em Bled, na Eslovênia

MEDALHAS, MUITAS MEDALHAS: Além do pioneirismo de ter sido a primeira brasileira a ir a uma Olimpíada em 2004, em Atenas, Fabiana Beltrame é uma das atletas brasileiras com mais títulos internacionais.

O currículo invejável conta com três Jogos Olímpicos, nove medalhas de ouro em Jogos Sul-Americanos, duas medalhas de prata em Pan-americanos, uma medalha de bronze e uma de ouro em Copas do Mundo e uma medalha de ouro em Mundial.

Além de nove prêmios Brasil Olímpico colecionados durante seus anos de Seleção Brasileira, saber qual foi o momento mais marcante da carreira talvez fosse difícil, mas Fabiana fala sem sombra de dúvidas.

Fabiana Beltrame no Rio de Janeiro, em 2016 (Foto: Leandra Benjamin/Globo)Fabiana Beltrame no Rio de Janeiro, em 2016 (Foto: Leandra Benjamin/Globo)

"Minha primeira Olimpíada. Tenho diversos momentos marcantes na minha carreira, mas todos os Jogos são muito especiais. Atenas foi o mais deslumbrante. O mais especial. Até por causa de ter sido a primeira mulher brasileira a chegar lá", comenta a remadora.

MUNDIAIS E INSPIRAÇÃO: Fabiana conta que quando estava se recuperando do parto e cuidando da filha recém nascida as medalhas e sucesso de outro remador a inspiraram.

"Lembro que o Aílson (Eráclito) estava em uma fase muito boa. Quando eu vi um brasileiro conquistando medalhas internacionalmente, eu pensei que eu também podia. Ele me inspirou quando eu voltei aos treinos depois da minha gravidez", relembra Fabiana.

Com a filha Alice no pódio do Mundial de Remo 2011, em Bled, na EslovêniaCom a filha Alice no pódio do Mundial de Remo 2011, em Bled, na Eslovênia

Outro ponto que fez a atleta acreditar mais ainda em seu potencial foi a medalha de bronze conquistada na III Copa do Mundo, realizada em Lucerne, na Suíça, em 2010. "Naquele momento eu senti que podia mais, comecei a acreditar que iria além, que poderia conquistar uma medalha de ouro. Bastava eu treinar e me preparar para o desafio", explica.

No ano seguinte, Fabiana não só subiu ao lugar mais alto do pódio uma vez, mas conquistou duas medalhas de ouro. No ano de 2011, a brasileira ganhou a II Copa do Mundo em Hamburgo, na Alemanha e o Mundial de Remo em Bled, na Eslovênia.

FAMÍLIA E REMO FITNESS: Fabiana se aposentou das remadas em 2016 e começou uma segunda etapa de sua carreira do remo. Casada há 17 anos com Gibran Cunha e mãe de dois filhos, hoje a atleta, juntamente com o treinador Júlio Soares, investe no Remo Fitness, aulas online de remo indoor onde qualquer pessoa pode participar.

Fabiana Beltrame nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004Fabiana Beltrame nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004

"Nossa preocupação é que cada aluno, cada um que compra o pacote com as aulas aprenda a remar e faça o movimento certo. Vemos muitas coisas erradas em academias e nossa preocupação com a técnica é muito importante", explica Beltrame.

São 127 alunos por todo o país e a remadora destaca que alguns vem de estados que não possuem remo. "Nosso objetivo agora é aumentar e divulgar a prática do remo indoor no Brasil. Acredito no potencial da modalidade, porque não dependemos de clubes ou raias de remo", explica a campeã mundial.

"O remo me deu tudo. A minha família, minha carreira, muitas lembranças positivas. Até a Alice (filha mais velha da atleta) tem boas memórias também. Tenho profunda gratidão pelo esporte e sonho com um equipe nacional forte, unida e que possam trazer uma medalha olímpica para o Brasil", resume muito bem Fabiana Beltrame.

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