Remo Brasil

SITE OFICIAL DA CONFEDERAÇÃO
BRASILEIRA DE REMO

Hall da Fama

A Família Brant e o amor pelo remo marcado no DNA


Quando o jovem Arnaldo Brant decidiu visitar sua família, recém mudada para o Rio de Janeiro, não imaginou que entre indas e vindas entre Minas Gerais e a Capital Carioca iria achar não um, mas dois amores de sua vida: sua futura esposa e o Remo. O amor por sua esposa, lhe deu sua única filha: Claudia Marina Brant e o amor pelo remo também multiplicou e perdura por gerações.

caludia e arnaldo site

Sistematicamente, mesmo trabalhando e estudando, Arnaldo cultivou memórias, vitórias e amigos no esporte. Construiu uma carreira que inspirou atletas, colegas e adversários. Calmo, calado e metódico, assim era o atleta que estudou Educação Física, após formado em Direito, se tornou treinador e buscou desenvolver não só centros de treinamento e atletas, mas foi um dos primeiros a levantar a bandeira do Remo Feminino no País.

Primeiras remadas: De acordo com um dos inúmeros atletas formado por Arnaldo, José Luiz Emerim, O então, aspirante a remador, recém-chegado de Minas Gerais, aprendeu a remar no Guanabara através se seu irmão Mário, que era mais velho. Por curiosidade juvenil, ambos foram conhecer o remo. O irmão não ficou, mas o Arnaldo, sim.

arnaldo 1x

O jovem Arnaldo se casou muito cedo e quase que de imediato, o casal teve sua única filha, Claudia Marina que, anos mais tarde, seria uma das remadoras pioneiras no remo carioca. Assumindo uma grande responsabilidade, mesmo com a pouca idade, 20 anos, o então Remador trabalhava em tempo integral no Tribunal Regional do Trabalho e ainda treinava.

"Papai, na época, remando no Flamengo, avisou ao Buck que não poderia se dedicar ao remo em tempo integral, pois já trabalhava. Mas ele era muito dedicado mesmo assim. Sempre foi apaixonado pelo esporte", explica sua filha Claudia. Campeão carioca e brasileiro, Arnaldo nunca representou a Seleção Brasileira e ainda, sim, é um dos nomes mais conhecidos, influenciando dezenas de atletas que passaram por sua carreira como remador ou treinador.

O Mentor e Treinador: Quando aposentou os remos, Arnaldo poderia ter se afastado no esporte, ao invés disso, investiu em conhecimento e voltou para a Universidade para se formar em Educação Física. Se tornando treinador de diversos clubes como Flamengo, Vasco, Botafogo, GNU e Seleção Brasileira, sem nunca abandonar seu emprego no Tribunal.

buck e arnaldo

Acostumado com a dupla jornada, Arnaldo Brant foi o treinador de Paulo Cesar Dworakowski por quase uma década. "Treinei com o Arnaldo durante 9 anos... Os 2 anos iniciais como júnior no União e os outros 7 no Botafogo. Posso dizer que tivemos 9 anos de sucesso em competições graças a seu engajamento como treinador, mentor e mediador entre diretores, dirigentes, esponsores a fim de criar um ambiente produtivo de trabalho comigo. Sobretudo aprendi com ele dignidade e orgulho de ser capaz de enfrentar as "feras do Flamengo", clube que naquela época recrutava os melhores remadores. Muitas vezes fui convidado a me transferir, mas foi com a integridade do Arnaldo que desenvolvi autoestima e muita força mental para lidar com dificuldades no esporte e na vida. Lembro que em 80, antes das Olimpíadas, estávamos em Bañolas num campo de treinamento e ele saiu com essa; "Paulo, você exige muito das pessoas". Falava pouco, mas estava sempre atento quando eu tendia para os extremos. Deixei o Brasil em 81 quando não contava mais com ele para meus planos para o futuro. Foi com respeito mútuo e quase sem palavras, mas com sorrisos de satisfação, orgulho e camaradagem que nos despedimos", relembra Paulo Cesar, nosso representante nos Jogos Olímpicos de Moscou.

Um momento que marcou a carreira de Arnaldo foi a Travessia do Rio a Paquetá, de Iole, no mar, realizada no início da década de 80. "Eu lembro que papai estudou as condições da maré para a prova. No dia, ele tinha decidido por uma rota completamente diferente da que o Flamengo iria fazer. O Buck achou que ele não teria êxito. Eu acho que ele escolheu um percurso um pouco mais longo para não remar contra a correnteza. Todos ficaram surpresos quando o barco do Botafogo chegou em primeiro", lembra Claudia Brant.

medalha frente    medalha fundo

Outro atleta influenciado por Arnaldo Brant, segundo as palavras do próprio, José Luiz Emerim, também relembra do mestre com carinho. "A influência do Arnaldo sobre mim foi múltipla e durou até a morte dele, porque eu ia visitá-lo. De todas, a mais marcante ocorreu no Campeonato Sul-Americano, em Buenos Aires, em novembro de 1974. Naquele ano os gaúchos formaram a maioria da equipe. O 4+ e o 8+ eram do GNU. O 4+ ficou com a prata e dobrou no 8+. O Brasil remou sempre mais de um barco atrás e só reagiu nos últimos 250 m, quando ficou evidente que o oito argentino não tinha forças para reagir. Se a prova tivesse mais cinco remadas, o Brasil teria vencido. Vários de nós, inclusive eu, entendemos que havia sido um erro os brasileiros terem competido com quatro remadores dobrados, esquecendo que a Argentina tinha feito o mesmo. O Arnaldo ouviu a minha crítica e nada disse. De volta ao Club de Regatas La Marina, onde o Brasil estava hospedado, estávamos no vestiário tomando banho para irmos ao jantar de premiação. Ao entrar, vi o Arnaldo cortando a barba. Sem interromper o que fazia, olhando para mim pelo espelho, ele disse: “Zé, o oito perdeu porque não acreditou. Eu não cobro a vitória, mas a luta. O nosso oito não lutou”. Simples e direto assim! Absolutamente inesquecível! Ali aprendi uma lição para a vida. Eu sabia que ele estava certo".

2- Harry Klein e Arnaldo

Mas Arnaldo iria ampliar seus objetivos, depois de ir para a Alemanha para estudar e se aprimorar como treinador, juntamente com Edgard Knierim, o Pavão, que foi vice campeão pan-americano em 1963 e tri campeão carioca como treinador do Botafogo anos mais tarde. Após as aulas, os dois brasileiros foram fazer um estágio da Suíça.

Brant voltaria da Alemanha com novos ideias e ideias consideradas vanguardas para a época no remo brasileiro: A implementação das categorias júnior e feminino através de centros de alto rendimento. Antes mesmo, de sua filha se engajar com o esporte e iniciar sua carreira de atleta em 1981. As primeiras remadas de Claudia foram com o pai em um double skiff.

Em 1982, Claudia Brant foi a primeira campeã carioca em uma prova no estadual do Rio de Janeiro contra atletas no Boqueirão do Passeio em um iole a 4. "Não foi fácil. Os clubes do mar (na década de 80, alguns clubes do Rio teriam suas sedes da Praia de Botafogo) aderiram à ideia. Quando o Santa Luiza fechou as atletas foram para o Botafogo e treinamos juntas. Alguns clubes não queriam aceitar a ideia de que remo feminino era possível. Mesmo assim, papai peitou dirigentes e conseguiu ganhar algumas batalhas. Me lembro que eu tinha que me esconder para trocar de roupa porque nenhum clube tinha banheiro feminino na época", relembra Claudia Brant.

IMG-20230406-WA0038

Colecionando títulos ao longo de sua carreira como treinador, Arnaldo foi para o Grêmio Náutico União, onde implementou o remo feminino e também buscou criar o primeiro centro de treinamento de alto rendimento no Brasil, ainda no meio da década de 80.

O Visionário: "Sempre um visionário, o Arnaldo entendeu que havia ali uma excelente oportunidade para o remo brasileiro. A ideia surgiu antes da Regata Internacional de Porto Alegre em 1973, quando tivemos guarnições da América do Sul, EUA e Itália. Os italianos levaram uma guarnição de 4+ muito forte que treinava no GNU. Eles elogiaram bastante as condições de treino em Porto Alegre e as instalações do GNU, que consideraram de padrão europeu. Dali surgiu a ideia de criar um polo internacional de remo. Quando a garagem de madeira incendiou e a nova foi construída, com a ajuda do então presidente da CBR, Renato Borges da Fonseca, o convite foi feito ao presidente da FISA, o suíço Thomas Keller, para inaugurá-la e ajudar na divulgação", relembra Emerim.

O então presidente da Fisa, atendeu ao convite feito pelo presidente da CBR e diretoria do GNU, e veio ao Brasil em vista oficial. Com o incêndio da antiga sede do clube, o treinador viu a oportunidade da inauguração das novas dependências como um meio de divulgar, não só o remo brasileiro, mas também buscar apoio para transformar o clube em um polo de alto rendimento nacional. "Eu lembro que Thomas Keller ficou encantado com a quantidade de pessoas que trabalhavam no GNU que falavam alemão", conta Claudia.

arnaldo e GNU

Após sua saída do GNU, Brandt continuou tentando abrir o tão sonhado centro de alto rendimento e chegou a integrar a Comissão Técnica da Seleção Brasileira, no início dos anos 2000. "Se lembra daquele Sul Americano de São Paulo em 2005, que ganhamos tudo? Papai era um dos treinadores", fala, com orgulho, Claudia.

Para Emerim, Arnaldo sempre foi um treinador diferenciado. "Detalhista, estudioso e inovador. Poucos sabem disto, mas o Arnaldo aprendeu alemão e inglês para poder comunicar-se e ler sobre remo nestes idiomas. Ele também era fluente em francês. Gastava bastante tempo regulando o barco e acertando a guarnição tecnicamente. Era adepto do remo-arte e também um mentor de atletas, um educador", explica o Atleta e Treinador.

De pai para filha: Inspirada pelo pai, Claudia Marina Brant, seguiu os passos de Arnaldo no Remo. Uma das mulheres pioneiras da modalidade no Brasil, campeã carioca, gaúcha e bi campeã brasileira. A experiência da atleta nunca foi fácil.

"Meu pai teve que peitar alguns dirigentes e diretores em clubes como o Botafogo para implementar o Remo Feminino. Algumas vezes fui xingada durante os meus treinamentos na Lagoa por pessoas que passavam no local. Nunca foi fácil, me lembro que a diretoria do Vasco não queria liberar mulheres para remar no clube, o então presidente da CBR deixou a garagem da Confederação a minha disposição para guardar meu barco lá", conta Claudia.

A Campeã Carioca se mudou com o seu pai para o Rio Grande do Sul quando Arnaldo assumiu o União pela segunda vez. A remadora conta que foi no GNU que se sentiu parte de uma equipe e chegou a morar no alojamento do clube. Nessa época, foi almoçar em casa remando o single skiff algumas vezes.

claudia e jaqueline

Após sua saída do GNU, Brant continuou tentando abrir o tão sonhado centro de alto rendimento e chegou a integrar a Comissão Técnica da Seleção Brasileira, no início dos anos 2000. "Se lembra daquele Sul Americano de São Paulo em 2005, que ganhamos tudo? Papai era um dos treinadores", fala, com orgulho, Claudia.

Após se tornar campeã gaúcha, foi ao lado de Jaqueline Xavier Pereira que se tornou bi campeã brasileira e sonhou com a vaga no primeiro pan-americano que teria provas femininas em 1987. Como o seu sonho foi cortado por políticas internas e nem se quer pôde ir competir pelo índice, Claudia então se aposentou.

Apesar de uma história difícil, também foi marcada pelo companheirismo do pai, Claudia nunca se afastou do esporte e afirma que toda sua vivência no remo ajudou a moldar seu caráter e saber brigar pelo seu lugar e se impor. "Remo é o meu amor. Eu amo o esporte. Toda essa experiência me ensinou muita coisa que eu levo comigo até hoje", fala a Atleta emocionada, que atualmente rema máster pelo Piraquê.

Já Arnaldo Brant, após sua passagem pela CBR se afastou do Remo e voltou aos estudos, passando no concurso para Juiz no Tribunal Regional do Trabalho, onde se aposentou. Em 2019, Arnaldo, infelizmente, faleceu, mas deixou um legado de conhecimento e amor para seus atletas e família.

 

PATROCINADORES

Secretaria Especial do Esporte - Ministério da CidadaniaLei de Incentivo ao Esporte

APOIADORES DO REMO BRASILEIRO

Comitê Brasileiro de ClubesNutrigenikDietpro Rio CVB

FORNECEDORES OFICIAIS 

Swift Racing

CONFEDERAÇÃO FILIADA

Comitê Olímpico do BrasilComitê Paralímpico BrasileiroWorld Rowing Autoridade Brasileira de Controle de DopagemComitê Brasileiro de Clubes

Redes Sociais

Facebook - Confederação Brasileira de RemoConfederação Brasileira de Remo - InstagramConfederação Brasileira de Remo - TwitterYou TubeIssuu - Confederação Brasileira de RemoLinkedIn

Conf. Brasileira de Remo

SEDE RIO DE JANEIRO
Avenida Graça Aranha, 145, Sala 709
Centro, Rio de Janeiro, RJ – 20030-003
Telefone: (21) 2294-3342
Telefone: (21) 2294-0225
Celular: (21) 99198-2986  WhatsApp
Segunda a sexta, das 9h às 18h

ESCRITÓRIO FLORIANÓPOLIS
Rua Patrício Farias, 55, Sala 611
Itacorubi – Florianópolis, SC
CEP 88034-132
Telefone: (48) 3206-9128
Celular: (21) 99118-4620
Segunda a sexta, das 9h às 18h