Hall da Fama
Harry Klein e o double fantástico
Harry Edmundo Klein começou sua carreira no Grêmio Náutico União quando era um adolescente. Com descendência alemã, não foi difícil se identificar com o esporte e, aos 18 anos, já era vice-campeão sul-americano pela primeira vez usando as cores da Seleção Brasileira. Logo após a conquista, o remador se mudou para o Rio de Janeiro para remar no Flamengo, clube que defendeu pelo resto de sua carreira e se tornou Benemérito.
O atleta gaúcho foi um dos grandes remadores da sua geração e um dos primeiros campeões pan-americanos brasileiros, ganhando o double skiff masculino ao lado de Edgard Gijsen, o Belga, na campanha histórica de 1971, nos Jogos de Cali, Colômbia. Harry, ainda nos representou eu duas Olimpíadas, Campeonatos Europeus e Mundiais da Fisa, hoje, World Rowing.
O início: Harry começou no remo com seu irmão Hugo Klein. Não demorou muito tempo para o jovem atleta se destacar e se tornar vice-campeão sul-americano de quatro sem timoneiro aos 18 anos em uma prova de sênior em 1960, na edição da competição em Montevidéu, Uruguai. Foi a melhor colocação do Brasil naquele ano.
Cinco meses mais tarde, naquele mesmo ano, o remador conquistaria suas primeiras medalhas de ouro pela Seleção Brasileira nos I Jogos Luso-Brasileiros, realizados na Raia do Aveiro, em Portugal. Harry subiria ao lugar mais alto do pódio na prova de quatro com timoneiro e oito. Ainda em 1960, o atleta representaria o país na competição esportiva mais importante do mundo: os Jogos Olímpicos.
O Brasil levou o quatro com timoneiro formado pelo jovem atleta de 18 anos, Paulino Gonçalves Leite, Ernesto Neugebauer , Francesco Todesco e o timoneiro Waldemar Scovino. Infelizmente, o barco não passou da fase de eliminatórias.
Dois anos mais tarde, em 1962, Harry Klein se tornaria campeão sul-americano de quatro com timoneiro, na edição dos Jogos realizados na Argentina. A primeira participação do atleta em Jogos Pan-Americanos foi em 1963, em São Paulo, dessa vez integrando a equipe do quatro sem timoneiro ao lado de Jorge Rodrigues, Fritz Mueller e Edgar Roberto Knirien, o Pavão.
Aliás, 1963 foi o ano da mudança do atleta de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, no qual o remador começaria a defender as cores do Flamengo. Foi nessa época que Harry e o Belga competiram juntos no mesmo barco, pela primeira vez, em uma competição internacional: a segunda edição dos Jogos Luso-Brasileiros. A estreia foi com vitória, mas dessa vez defendendo as cores da Seleção Metropolitana do Rio de Janeiro, na prova de quatro com timoneiro.
Dupla Dinâmica: Harry e Belga começariam uma parceria de sucesso no double skiff em 1964. A primeira competição dos remadores juntos no double foi no Campeonato Sul-Americano daquele ano, realizado no Rio de Janeiro, na Lagoa Rodrigo de Freitas. A estreia foi com uma bela vitória e a medalha de ouro no peito.
A Seleção Brasileira terminaria aquela competição, em segundo lugar geral, com dois primeiros lugares, as duas em equipes que Harry e Belga eram integrantes: o double skiff e o quatro com timoneiro. Já no Fita Azul, competição tradicional de single skiff, criada e organizada pelo Clube Speria de São Paulo, a dobradinha dos atletas foi um pouco diferente. Edgard Gijsen seria o grande campeão em 1966 e Harry Klein no ano seguinte, em 1967.
Em 1965, a dupla se tornaria bi-campeã sul-americana, trazendo a única medalha de ouro brasileira daquela competição e, em 1968, tri-campeões. Nesse mesmo ano, Harry Klein e Edgard Gijsen conquistariam a melhor colocação olímpica de double skiff brasileiro até hoje, sétimo lugar geral, vencendo a final B dos Jogos Olímpicos do México.
Dois meses após os Jogos, foi realizado o 1º Festival Internacional de Remo – Semana da Marinha, na lagoa Rodrigo de Freitas. O evento contava com seis provas: duas para remo universitário, duas para clubes nacionais e duas para seleções. Nas provas internacionais, representantes da Alemanha vieram ao Rio de Janeiro participar da Regata. Harry Klein trouxe a vitória para o Brasil no single skiff masculino.
Ultima parada! A última competição internacional de Harry Klein e Edgard Geisen antes do ouro Pan-Americano foi no ano anterior, em 1970, no campeonato sul-americano. A dupla conquistaria o tetra campeã na prova. Se tornando um dos barcos mais vitoriosos do remo do Brasil. Em 1971, em Cali, na Colômbia, o tão sonhado ouro!
A Seleção Brasileira traria para o país as primeiras medalhas de ouro do Remo, em uma campanha histórica, a mais vitoriosa até hoje. Harry e Belga subiram ao lugar mais alto do pódio com a medalha no peito, trazendo um dos três ouros conquistados naquela edição dos Jogos Pan-Americanos.
Meses mais tarde, ainda no mesmo ano, como convidados do Campeonato Europeu, realizado pela World Rowing, em Copenhague, a dupla escreveria história novamente: os remadores chegaram à final A do evento, conquistando o sexto lugar na prova. Melhor colocação brasileira, até então, no evento. Vale salientar que, em 1971, os campeonatos mundiais da modalidade eram apenas realizados a cada quatro anos, se tornando anuais a partir de 1974.
A dupla se despediu das raias em 1972, com o penta campeonato no double skiff masculino na edição da competição em Montevidéu. O motivo foi a aposentadoria de Belga, com 32 anos, da seleção brasileira. Harry era dois anos mais novo e seguiu com sua carreira vitoriosa, voltando a remar palamenta simples em competições internacionais, mas não por muito tempo.
A aposentadoria de Harry Klein da Seleção Brasileira veio no mesmo ano, meses mais tarde. Harry foi vice-campeão de quatro sem timoneiro na inauguração da raia olímpica da USP, evento que contou com diversas seleções nacionais da Europa e continente americano. Naquele mesmo ano, o remador seria suplente do dois sem timoneiro, nos Jogos Olímpicos de Munique de Erico Vicente e Raul Bagattini.
Múltiplo campeão carioca e brasileiro de remo, a carreira de Harry Edmundo Klein é, sem dúvida, uma das mais vitoriosas da modalidade. Dono da voga de um dos barcos mais vitoriosos do remo, com uma técnica invejável e um preparo físico de poucos.
Vida após o remo: Harry Klein seguiu morando do Rio de Janeiro, onde nunca abandonou o Flamengo, onde se tornou Benemérito, e nem a lagoa. Abrindo, com o seu irmão Hugo, um negócio voltado para o turismo: os pedalinhos em formato de cisne, tão tradicionais no horizonte da Lagoa Rodrigo de Freitas. Em 2019, o remador, infelizmente, nos deixou após um infarto.
Harry Edmundo Klein deixou mulher e filhos.