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Santos de Casa fazem milagre: A história de rivalidade e amizade que já dura sete décadas

A história de amizade e rivalidade de Joel Alves Ribeiro e José Carlos Araponga já dura sete décadas. Historicamente rivais, sempre defenderam clubes opostos do remo baiano, chegaram a ficar sem se falar por algum tempo. "Eu sabia como era o temperamento dele (Araponga) e sempre na hora da largada eu provocava. Ele se chateava comigo, mas nunca falei nada a sério", ri e relembra Joel, mais conhecido como "Meu Santo" na modalidade.

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Santo de casa: O apelido de Joel veio de casa. "Minha mãe dizia que eu nunca chorava. Nem quando estava com fome e ela dizia: esse menino é o meu Santo! O apelido pegou e por muito tempo na Ribeira, ninguém sabia meu nome", explica o remador baiano, que está com 84 anos. Brincalhão e conversador, Joel sempre remou pelo Esporte Clube Vitória, apenas por dois anos remou por outros clubes e explica que foi apenas uma fase e, a pedido da própria mãe, voltou a defender as cores do rubro negro baiano.

"Comecei no remo com 14 anos, me aposentei aos 34. Minha especialidade sempre foi o single skiff. Nunca perdi uma prova na Ribeira! Devido a meu pai, sempre remei pelo Vitória. Quando ele faleceu, saí do clube por dois anos e, a pedido de minha mãe, voltei e me aposentei lá. Sai do remo e me desliguei por anos, aí me chamaram para remar master e estou até hoje", explica "Meu Santo"

Joel remou em uma época completamente diferente dos dias de hoje. A península de Itapagipe era o coração da cidade baixa de Salvador. O remo era um dos esportes mais tradicionais e populares da cidade, com vasta cobertura da imprensa. A Ribeira lotava de torcedores que iam prestigiar os seus clubes prediletos. Mais que um evento esportivo, as regatas eram um evento social para os baianos.

Os opostos: Dono de uma personalidade calma, sempre observador e calado, José Carlos Araponga, sempre defendeu as cores do Itapagipe, clube rival do Vitória. Quase como um roteiro de filme, as personalidades dos dois atletas contrastavam, assim como os torcedores divergiam suas preferências na Ribeira nos domingos de regata. Os atletas eram opostos em tudo: na personalidade, no estilo de remar e nas cores que defendiam. Nunca remaram juntos. Sempre foram rivais.

"Comecei no remo com 17 anos e competi até os 48 anos. Aos 47, fui campeão da Copa Norte-Nordeste de Remo realizada em Recife. O Heraldo (Lisboa, que mais tarde se tornaria campeão brasileiro de remo, treinador do Vitória e hoje árbitro nacional da modalidade), me chamou para remar um four skiff com ele, na época ele tinha 19 anos! Fomos competir e ganhamos", relembra Araponga.

Dono de uma memória invejável, Araponga lembra de sua carreira com detalhes, data e nomes completos de seus companheiros de equipe e adversários. Após a aposentadoria da modalidade, o atleta saiu da Ribeira. Casou e teve filhos, assim como Joel. Os dois têm filhos, netos e bisnetos e  se aposentaram de seus empregos.

"Na época em que paramos de remar, não existia a categoria Master", explica Joel. "Meu Santo" voltou aos treinos por convite de remadores do Vitória e desde então não parou de remar e competir. Campeão baiano, de Copa Norte-Nordeste e vice-brasileiro, o atleta conquistou novos títulos nesta nova etapa de sua carreira: campeão sul-americano, mas não é só de medalhas que vive o atleta.

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Remar é preciso: "Meu Santo" conta que, graças à sua volta ao remo, sua saúde está muito melhor hoje do que há 20 anos. "Eu, com 60 anos, sofria para subir as escadas do avião, hoje eu faço brincando. Nem parece", afirma Joel. "Não posso mais para de remar", brinca e conclui o atleta. O fato é que, aos 84 anos, o remador master faz planos: "Vou ser campeão mundial no ano que vem", afirma o atleta que não pensa em parar de treinar e a cada competição vê uma oportunidade de estar com os amigos e conquistar novos títulos.

Araponga voltou aos treinos recentemente a convite de Joel. Casado por 61 anos, José Carlos era o cuidador de sua esposa Celeste e ficou ao seu lado até o falecimento dela. Com quase 88 anos, que serão completados em setembro desse ano, o remador decidiu recomeçar. "Fui convidado para remar, mas o Itapagipe fechou. Hoje, eu estou em todos os clubes e em nenhum ao mesmo tempo. Ainda faço pilates com Heraldo, que é um grande treinador", explica o remador.

De volta ao Porto dos Tainheiros: Após uma longa carreira no alto rendimento baiano, os dois atletas se reencontraram na Ribeira e remaram juntos pela primeira vez. A estreia em competições veio alguns meses mais tarde, neste último Campeonato Brasileiro da Master, realizado na raia da USP no final do mês de junho. O resultado não poderia ser outro: medalha de ouro para a amizade de décadas que sempre foi mais forte que qualquer rivalidade dentro da água.

O barco para esta estreia foi o double skiff masculino, predileto de Araponga, que por conta da carreira longa teve diferentes companheiros de barco ainda jovem. Já Joel chegou a ser campeão da Copa Norte-Nordeste ao lado de seu parceiro de "Chocolate" e vice-campeão brasileiro em 1958. Todos os dois remadores se especializaram na palamenta dupla e remavam single e double skiffs por seus clubes.

Além de ter sido a primeira vez que os dois atletas baianos remaram no mesmo barco, foi a estreia deles usando a camisa do mesmo clube! O Corinthians Paulista: grande campeão do Brasileiro de Master de 2024. "Meu Santo" e Araponga são um dos atletas mais experientes do Remo Brasileiro, sendo mais novos apenas que Odilon Maia Martins, remador do Aldo Luz de Santa Catarina.

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Remadas que constroem: As histórias das provas mais disputadas na Ribeira, na época de ouro do remo baiano, ainda reverberam nas garagens dos clubes. Araponga e "Meu Santo" são verdadeiras lendas do remo baiano. Joel fez carreira no single skiff , seu barco predileto, e no double skiff ao lado de "Chocolate". Apelidos eram a marca registrada dos atletas e os nomes eram meras formalidades para o remo na Bahia. Todos os dois atletas foram campeões estaduais e regionais múltiplas vezes.

Já Araponga se especializou no double skiff, mesmo remando o single skiff toda a sua carreira. O primeiro parceiro de barco do remador foi Luiz Lopo, que foi campeão da Copa Norte-Nordeste pela primeira vez. Após algumas décadas, o atleta voltou a competir na Copa Norte com um parceiro de 20 anos, como ele conta. A última vez que remou foi no four skiff, terceira medalha de ouro, o atleta já estava com 47 anos.

Do lado esquerdo do peito: Quando perguntados quais vitórias de suas carreiras os marcaram. Araponga afirma que foi sua estreia no estadual da Ribeira porque era uma prova super tradicional das regatas e ele estava iniciando contra o "Luciana Português", remador contemporâneo de Jose Carlos que defendia as cores do Santa Cruz e era o franco favorito da prova de single skiff estreante.

"Aquela prova era muito especial, o Santa Cruz colocou o single skiff como sua prova de honra da regata e seria a quarta vitória de Luciano, que não poderia mais competir na categoria pela quantidade de pontos que estava conquistando, mas quem ganhou fui eu", relembra Araponga. "A vitória na Copa Norte-Nordeste do Espírito Santo, quando eu tinha 43 anos, também foi muito especial. O meu companheiro de double skiff, Edson Santiago, conhecido como Zéu, tinha penas 20 anos na época! Estávamos perdendo a Copa e minha prova foi o início da virada baiana e vencemos os donos da casa por 4 a 3", conta o remador emocionado.

Já para "Meu Santo", a principal vitória de sua carreira também veio do estadual da Bahia e, assim como José Carlos, veio no single skiff, mas quem estava no outro barco era o próprio  Araponga. "Foi a minha prova no single skiff. Zé Carlos era o campeão e levei a medalha de ouro para o Vitória", conta orgulhoso. Questionado pela afirmação do remador rubro-negro, Araponga ri e afirma: "Vou falar o quê?! O moleque era muito bom! Ainda bem que ele valorizou aquela vitória! Não foi uma prova fácil".

Mais importante que medalhas: Apesar da competitividade ser altíssima da categoria Master, não importa a idade, remador não gosta de perder, os treinos sempre focados nas próximas competições e os planos para novos horizontes e medalhas, os dois atletas afirmam que o principal do esporte é a mudança da mentalidade e as lições importantes aprendidas que carregam consigo por toda a suas vidas.

Araponga afirma que os 31 anos de carreira no remo o salvaram . "Meu primeiro treinador, no meu primeiro dia de aula no Itapagipe, disse para todos os iniciantes que remador não bebe e nem fuma! Isso ficou comigo pela vida toda", relembra. Para Joel, a modalidade também mudou a sua vida. "Fui excelente profissional graças à disciplina e resiliência dadas pelo esporte. O remo me deu garra para querer sempre ser o melhor", explica o remador.

"Mais importante que as medalhas do brasileiro é o exemplo de vida que dou aos meus netos e bisnetos. Um dos meus bisnetos de 8 anos disse: Isso mesmo, meu avô! jogue duro! Para mim, isso que importa, não é vaidade, mas podemos influenciar pessoas positivamente com nossos exemplos", conclui o sábio remador Araponga.


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