Ranking Histórico
Remo Olímpico: Os medalhistas brasileiros em Mundiais da World Rowing
Criado em 1961, o Campeonato Mundial da FISA masculino Sênior foi a segunda competição criada pela entidade, hoje World Rowing, após o Campeonato Europeu. Afinal, a entidade cresceu e argentinos, norte-americanos, canadenses, australianos não poderiam ser campeões da Europa, apesar de que sempre puderam remar as provas como convidados.
Alguns brasileiros, como Edgard Geijsen e Harry Klein, competiram o Campeonato Europeu da Fisa na condição de convidados. Em 1970, foi criado o campeonato Mundial da Fisa de Juniores, hoje sub-19, e cinco anos mais tarde, em 1975, o Campeonato Mundial Sênior B, hoje sub-23. As mulheres foram acolhidas no programa de competições mundiais FISA em 1974, mas só em 2018 a equidade de gênero no programa da entidade se tornou uma realidade.
A categoria por peso foi a última a ser introduzida, em 1985 foi o primeiro campeonato mundial da FISA com provas Peso-Leve. A primeira mulher brasileira a participar de um Mundial foi Marisa de Moraes Lisboa, em 1987, no single skiff peso-leve. Prova de que, anos mais tarde, iria consagrar a nossa primeira campeã mundial, Fabiana Beltrame.
Ailson: O primeiro medalhista em mundiais foi Ailson Eraclito, também no single skiff peso-leve sub-23 em 2009 e 2010. Foi ele que fez a comunidade do remo brasileiro acreditar que o pódio era possível e inspirou muitos outros atletas, inclusive a própria Fabiana. "Quando o Ailson ganhou a medalha, ele me fez acreditar que era possível, que não era só um sonho. Eu pensei: se consegue, eu também consigo", conta a campeã mundial.
O remador tem um currículo estelar e entrou para a história do remo brasileiro como o primeiro medalhista em mundiais da World Rowing com uma medalha de prata, em 2009, na República Checa, e uma de bronze, em 2010, na Bielorrússia.
Remar é preciso: Voltando da maternidade e inspirada por Ailson, Fabiana Beltrame foi além, se tornando a principal representante do remo feminino brasileiro e a atleta com o maior número de medalhas entre mundiais e copas do mundo promovidas pela World Rowing. O mundial de 2011, em Bled, vimos a nossa remadora no lugar mais alto do pódio e deixando as adversárias para trás no single skiff peso-leve sênior feminino.
A prova de Fabiana foi a mesma de Ailson e Marisa, o Single Skiff peso-leve. Aliás, prova essa em que os nossos atletas conquistaram a maioria das medalhas do remo do Brasil, foi também onde o primeiro remador brasileiro se sagrou bi-campeão mundial.
Prova Olímpica: O primeiro brasileiro que conquistou medalha em mundiais em uma prova olímpica, ainda como júnior, foi Lucas Verthein Ferreira em 2016, na Holanda. O atleta apos esta conquista se tornou destaque e um dos principais atletas de sua geração, se classificando para duas Olimpíadas: Toquio 2020 e Paris 2024.
A Prova do Mundial júnior se tornou a especialidade de Lucas, que trouxe diversos títulos e medalhas internacionais em sul-americanos e pan-amercano. O remador, alguns anos mais tarde, em 2023, se sagraria o primeiro remador brasileiro a ganhar uma medalha de ouro, na mesma prova do mundial, o single skiff masculino, nos Jogos Pan-Americanos de Santiago.
Single skiff e Bi-campeão: O primeiro Bi-campeão mundial brasileiro foi Unças Tales Batista. O remador conquistou as medalhas de ouro em 2017 e 2018, também na mesma prova e categoria de Ailson: O single skiff peso leve masculino sub-23.
Ainda, Uncas mantém, até o momento, o recorde mundial da prova. Seu treinador, Paulo Vinícius de Souza, o Paulinho, ressaltou a resiliência do atleta e a capacidade de sobressair mesmo diante de tantas adversidades.
"Na preparação, o Uncas teve muitos problemas de saúde. Mas a disciplina dele é tanta que conseguimos fazer as compensações e obtivemos o resultado. Esse segundo título mostrou uma qualidade que ele tem, que é acreditar na sua estratégia. O Uncas é muito resistente. Esse ano ele não teve bons resultados, mas se mostrou uma pessoa muito resiliente", complementou Paulinho.
Primeira medalha em conjunto: Após vários triunfos em barcos individuais, foi a vez do primeiro barco de conjunto brasileiro conquistar uma medalha em um mundial da World Rowing. Willian Giaretton, o Magrão, e Xavier Vela Maggi, o Xavi, fizeram história ao conquistar a medalha de bronze em 2017 no dois sem timoneiro peso leve, na categoria sênior.
Os atletas ainda conquistaram mais duas de ouro em Copa do Mundo, se tornando assim o dois sem brasileiro com mais medalhas, até o momento, em competições da World Rowing. A dupla também nos representou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 no double skiff peso leve. Dois anos mais tarde, outros dois brasileiros subiriam ao pódio, repetindo o feito de Magrão e Xavi.
O dois sem timoneiro é um dos barcos mais celebrados no remo do país, sendo a embarcação de conjunto que mais trouxe medalhas em competições internacionais, como os Jogos Sul-Americanos e Pan-Americanos.
Vangelys Reinke e Emanuel Borges repetiram o feito de Magrão e Xavi, dois anos mais tarde. Em 2019, no mundial realizado em Linz, na Áustria, ao conquistar a medalha de bronze no dois sem timoneiro peso leve. Até o momento, essa foi a última medalha brasileira.
Para Emanuel, a conquista da medalha de bronze foi a maior vitória de sua carreira e cita Ailson como uma de suas inspirações. "Conquistar a medalha de bronze no mundial de Sênior na Áustria foi uma das melhores sensações que eu já tive na minha carreira esportiva e ainda mais com o Vangelys que é um grande amigo (irmão). Foi muita superação e dedicação e nos fez acreditar que nós brasileiros somos capazes de enfrentar as grandes potências e sair de uma competição com a cabeça erguida e com uma medalha no peito. Não são muitos atletas brasileiros que tem uma medalha em mundial Sênior", explica Manu e completa: " Representar o Brasil em competições sempre é uma honra e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade, pois você está representando uma nação e isso me faz sempre ficar com mais energia e me dedicar nos treinos e me doar totalmente em uma competição. E também é um orgulho".
Nota: Este Ranking Histórico faz parte do trabalho da CBR em resgatar e contar a história de atletas brasileiros que se destacaram no cenário internacional e foi redigido em maio de 2024.