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Especial dia das mulheres : As mulheres que foram além


Homenagem às sete olimpianas e seis para-olimpianas do remo brasileiro.

As mulheres só foram autorizadas a competir nos Jogos Olímpicos da era moderna, exatamente na primeira edição das Olimpíadas de Paris, em 1900, em pouquíssimos esportes. O remo não estava incluído entre as modalidades que deram Boas-vindas às provas femininas. Foram 997 atletas participantes daqueles jogos e apenas 22 representantes do sexo feminino.

Alice milliat

Depois de 124 anos dos primeiros jogos realizados em Paris e há meses da terceira edição do evento a ser realizado na cidade luz, estamos prontos para assistir mais uma vitória do espírito esportivo com a celebração da primeira Olimpíada com 100% de equidade de gênero. A vitória não é apenas das mulheres, mas de todos que acreditam na igualdade e justiça desportiva.

Vitória de Alice Milliat, Hélène de Pourtalès, Charlotte Cooper, Margaret Abbott, Maria Lenk, Aída dos Santos, Elizabeta Lipă, Jaqueline Silva, Sandra Pires e Maurren Maggi. No remo, temos cinco mulheres que entram para uma lista de atletas olimpianas que escreveram seus nomes na história. Conquistando o direito de se juntar a grandes nomes do esporte mundial e nos representando em quatro edições dos Jogos Olímpicos.

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Fabiana Beltrame, Camila Carvalho, Luciana Granato, Luana Bartholo, Kissya Cataldo, Vanessa Cozzi e Fernanda Leal, Claudia Santos, Josiane Lima, Norma Moura, Regiane Silva, Diana Barcellos e Ana Paula Madruga são as mulheres que desafiaram e ousaram a sonhar e nos representar na competição mais fantástica do movimento esportivo internacional: Os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos

O Remo, as mulheres e as Olimpíadas: Nem sempre foi flores a relação entre dirigentes de remo e remadoras. Para quem hoje assiste campeonatos com equidade de gênero que se estendem até para o júri da modalidade, não enxerga a batalha que foi para remadoras conquistarem seu lugar na raia da modalidade. A primeira competição que a Fisa, hoje World Rowing, autorizou com a participação de mulheres foi o Campeonato Europeu em 1952. Nem sempre a competição era no mesmo local que a masculina e muito menos ao mesmo tempo.

Apenas em 1955, a competição foi anexada como oficial no calendário da entidade. Foi então que o COI e a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) pediram que provas femininas fossem agregadas ao programa olímpico, mas o pedido foi negado em Congresso da entidade. Os anos se passaram e apenas em 1969 foi criada uma subcomissão feminina de remo e eleita para presidi-­la a senhora Nely Gambon da Holanda, que passou a integrar o Conselho da FISA.

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Na agenda estavam pontos importantes, como a inclusão do Remo Feminino em Jogos Olímpicos e o direito de mulheres arbitrarem provas femininas de remo. Em 1972, por imposição do Comitê Olímpico Internacional, ficou decidido que remadoras iriam participar das Olimpíadas de 1976, realizadas em Montreal. Apenas seis provas foram incluídas no programa e todas seriam de 1000 metros.

Por três ciclos olímpicos, o remo feminino estava incluído como caráter experimental e apenas em 1988 seria integrado definitivamente e as provas passariam a ser de 2000 metros. A maior medalhista da história é a romena Elisabeta Lipă que subiu ao pódio oito vezes em Jogos Olímpicos (cinco de ouro, duas de prata e uma de bronze), divididos em seis edições dos Jogos.

As brasileiras e o Sonho Olímpico: Enquanto Elizabeta Lipa dominava o cenário do remo feminino internacional e ajudava o seu país a ganhar o oito feminino nas Olimpíadas de Atenas, a nossa Fabiana Beltrame estreava em Jogos no single skiff feminino.

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Se alguma palavra define a carreira de Fabiana Beltrame, além de campeã, é pioneira. Primeira remadora brasileira a colocar seu barco em águas olímpicas e provar que podemos sonhar e querer ir além. A catarinense levou consigo um legado de mulheres que construíram o remo para que ela pudesse estar ali, alinhando, largando, performando, mas principalmente realizou um sonho de tantas gerações de remadoras brasileiras.

Após a estreia em Atenas, Fabiana foi a mais três Olimpíadas, se tornando a remadora com mais participações olímpicas até o momento. Na sua última participação, foi ao lado de Luana Bartholo no double skiff peso leve, onde conquistou a melhor marca brasileira em provas femininas, décimo terceiro lugar geral, ganhando a final C, nos Jogos de 2012 em Londres.

"Um dos momentos mais importantes da minha carreira. Cada Olimpíada foi a realização de um sonho. A primeira delas, Atenas, foi a que mais me encantou porque nunca tinha imaginado uma competição tão incrível. Estar ao lado de grandes nomes do nosso esporte, ídolos. Poder estar com eles em um evento tão grandioso é algo que eu nunca vou esquecer", explica Fabiana em entrevista para o Hall da Fama do Remo Brasil.

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Mas a primeira vez que o Brasil foi aos jogos em um barco de conjunto foi nos Jogos de Pequim, em 2008, com o double peso leve de Camila Carvalho e Luciana Granato. Para Camila, a classificação do barco no Rio de Janeiro em 2007 foi a maior vitória de sua carreira. "Saber que eu iria representar o meu país nas Olimpíadas foi a maior alegria. Os Jogos são tudo que eu acredito. Até hoje, trabalho com o movimento olímpico e ter feito parte disso como atleta foi algo que mudou a minha vida para sempre", afirma a remadora Olimpiana.

Para a sua parceira de barco e outras competições importantes, Luciana Granato, ir para os Jogos foi o resultado de muito trabalho, dedicação e um sonho que foi sonhado e trabalhado com Camila. "Foram muitos finais de semana indo e vindo de ônibus de São Paulo para o Rio de Janeiro e vice-e-versa. Poder representar o meu país nos Jogos de Pequim foi uma experiência única. Fomos merecedoras da oportunidade e agarramos com tudo o que tínhamos", explica a resiliente Luciana.

O Sonho Paralímpico: Em Pequim, Luciana e Camila não foram as únicas a estrearem. O Para-Remo também teve sua primeira participação no Programa Paralímpico. Com um programa com quatro provas, duas mistas. O remo integra o movimento que já existe desde 1961 com a primeira edição das Paraolimpíadas em Roma.

Josiane lima medalha

A estreia foi muito além de barcos nas águas de Pequim! Subimos pela primeira vez ao pódio, nas histórias dos Jogos, com Josiane Lima no double skiff misto PR2, ela remou ao lado de Elton Sant'ana, conquistando a medalha de bronze. De todas as Paralimpíadas, só não fomos em todos os barcos em 2016, quando não classificamos o quatro com timoneiro PR3.

Quem faz história no movimento paralímpico é a nossa single skiffista do PR1, Claudia Santos, primeira remadora brasileira a carimbar seu passaporte para Paris 2024 no Mundial da World Rowing, em 2023, realizado na Bulgária. Claudinha soma cinco Olimpíadas na sua carreira e se prepara para mais um desafio. Sendo a remadora brasileira a participar do maior número de Jogos. "O remo e meu amor!", fala em tom emocionado Claudia Santos e ela vai além:

" Me sinto uma mulher forte, guerreira, que enfrento todos os dias desafios e obstáculos, mas nunca me entrego, caio levanto dou a volta por cima ...cirurgia, infecções, AVC olha não é facil ...mas nunca desisti to ai firme e forte aos 47 anos a 5°paralimpiada não é pra qualquer uma não! TEM QUE TER CORAGEM para vencer. Tenho orgulho de mim de representar meu país com garra. Desejo para todas as mulheres, guerreira deste mundo, como eu sucesso e vida longa ", conclui a super Claudia Santos.

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Já no quatro com o timoneiro, tivemos quatro atletas que nos representaram muito bem e mostraram que brasileiras não fogem à luta! Norma Moura, Regiane Silva, Diana Barcellos e Ana Paula Madruga da categoria PR3. As para-remadoras formaram duas formações separadas, já que este barco é misto. A melhor colocação deste barco foi em Pequim, 2008, conquistando a sétima posição geral, primeiro lugar na Final B.

O sonho continua: Com toda a certeza, Luciana e Camila foram exemplos e inspiração para outras atletas que seguiram suas remadas no double skiff feminino. As Olimpíadas de Pequim foram a primeira vez em que mandamos mais de barco feminino as Olimpíadas. Camila e Luciana escreveram seus nomes, em conjunto, na história do remo brasileiro.

Nos Jogos de Londres, também repetimos o feito de levar uma equipe feminina que representou o Brasil em duas provas, além do double de Fabiana Beltrame e Luana Bartholo, a atleta Kissya Cataldo remou o silgle skiff. Em 2012, foi a última vez que levamos mais de um barco feminino para os Jogos e a última vez que participamos no single skiff, barco que foi companheiro de estreia de Fabiana.

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A última participação feminina brasileira em Jogos Olímpicos foi em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. O double skiff de Vanessa Cozzi e Fernanda Leal remaram em casa e chegaram em décimo quinto lugar geral, igualando à marca das pioneiras Luciana e Camila em 2008. "Ir para os Jogos Olímpicos foi mais que um sonho. Ter lutado, conquistado a oportunidade não foi fácil, mas estar lá foi algo inexplicável. O fato de ter sido em casa, para mim, fez tudo mais especial porque pude viver essa experiência ao lado da minha família, dividir com eles essa alegria", conta emocionada Vanessa Cozzi

Que nesse dia Internacional das Mulheres, as nossas atletas, que fazem o esporte hoje, se espelhem no exemplo e história dessas remadoras olimpianas brasileiras e ousem sonhar em poder mais. Representar o nosso país na maior competição esportiva do mundo é uma honra e uma responsabilidade enormes, mas não é impossível! Sigam no sonho olímpico.

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